Quando se busca compreender a diferença fundamental entre identidade de gênero e sexualidade, é primordial começar por estabelecer uma clara percepção do que o conceito de sexo realmente engloba.
Nesse sentido, é crucial revisitarmos nossa época escolar e, mais especificamente, as lições de biologia que nos foram transmitidas.
Embora muitos possam associar o sexo unicamente com o ato sexual, um estudo aprofundado da anatomia humana nos revela que o sexo vai além disso, debruçando-se sobre a própria constituição física do corpo.
Em outras palavras, engloba todas as características físicas que culturalmente servem para distinguir entre indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino.
A intersexualidade, por sua vez, representa uma complexa variação de todas essas características: órgãos sexuais, padrões cromossômicos e níveis hormonais.
Essas variações podem gerar complexidades ao se determinar o sexo biológico de um indivíduo. Um exemplo prático é a condição em que uma pessoa nasce com características genitais que apresentam traços de ambos os sexos.
Em muitos casos, as características de uma pessoa intersexual podem ser identificadas logo após o nascimento, como exemplificado acima.
No entanto, em outros casos, essas características podem apenas se manifestar durante a puberdade ou na fase adulta, especialmente quando os traços físicos evidentes não estão presentes, como acontece em situações onde há genitais masculinos juntamente com órgãos internos femininos.
Quantas histórias você já ouviu ou teve a oportunidade de vivenciar de pessoas que não se sentem à vontade em seus próprios corpos de nascimento?
Homens que nutrem um senso de pertencimento ao universo feminino e vice-versa.
O cerne da questão reside na autopercepção e na sensação pessoal no mundo. Logo, é de importância crucial reconhecer que o sexo biológico não dita o destino de outras pessoas, tampouco o seu próprio destino. O que prevalece é a imagem que se tem de si mesmo, ou seja, a identidade de gênero.
Sente-se inclinado a descobrir mais? Convido-o a prosseguir com a leitura!
Desvendando sua Própria Identidade de Gênero
A identidade de gênero está profundamente entrelaçada com a forma pela qual você se percebe e se sente no mundo, levando em consideração o gênero que lhe foi atribuído ao nascer.
Nesse contexto, o que realmente importa é como você se enxerga, a maneira como se reconhece como indivíduo através de suas próprias vivências e sentimentos.
A fim de lançar luz sobre essa concepção, existem termos específicos que ajudam a dar forma à identidade de gênero e, assim, ampliar nossa visão deste conceito.
Acompanhe com atenção!
Cisgênero:
Este termo se refere àqueles que se identificam e internalizam profundamente o gênero que lhes foi atribuído biologicamente ao nascer, e que permanecem fiéis a essa identificação ao longo de toda a vida.
Por exemplo, um homem cisgênero é alguém cujo gênero foi determinado como masculino no momento do nascimento e que conserva essa identidade ao longo dos anos.
Transgênero:
Indivíduos transgêneros não se reconhecem no gênero que lhes foi atribuído ao nascer.
Assim, uma mulher transgênero é alguém cujo gênero original era masculino, mas que identifica-se e vive sua vida associada a outros gêneros, como o feminino, por exemplo.
Dentro do espectro da identidade de gênero, encontramos também pessoas transexuais e travestis.
Um indivíduo transexual é aquele que opta por passar por procedimentos de readequação genital e tratamento hormonal para se alinhar ao gênero com o qual se identifica.
Por outro lado, uma pessoa travesti é aquela que, embora tenha sido classificada como masculina ao nascer, escolhe vestir-se e se expressar com características femininas, incluindo maquiagem e roupas femininas.
É importante ressaltar que esses padrões não são rígidos; há muitas pessoas transgênero que não optam pela transição de gênero ou não abraçam uma expressão de travestismo.
Não-binário:
Esta designação se aplica a indivíduos que não se encaixam nas categorias binárias de gênero (masculino e feminino).
Ou seja, a pessoa não se identifica estritamente como homem ou mulher, mas encontra-se em algum ponto intermediário, abrindo mão de uma única identidade de gênero. I
nfelizmente, há quem ainda associe os indivíduos transgêneros e não-binários a distúrbios mentais, tratando a identidade de gênero como uma ideia moderna.
Contudo, a ciência, especialmente a psicologia, refuta esse equívoco.
Você sabia que a transexualidade tem sido uma constante na história da humanidade?
Ela personifica a diversidade intrínseca à experiência humana. Assim, é imperativo lutar pelo direito das pessoas transgênero de adotarem o nome que escolheram e, desse modo, serem reconhecidas de acordo com sua identidade de gênero.
Em última instância, a identidade de gênero é o fio condutor que define quem você é! Contudo, essa identidade não dita sua forma de se relacionar e buscar prazer.
O desejo e a atração que você experimenta ao ver ou tocar alguém estão vinculados à sua sexualidade, um aspecto intrínseco a todos os seres humanos, independentemente de seu gênero.
Continue lendo para aprofundar seu entendimento!
Explorando a Essência da Sexualidade
Qual é sua perspectiva sobre sexualidade? Ao contrário do que muitos supõem, a sexualidade humana não se restringe apenas aos órgãos sexuais, mas permeia todo o corpo.
Como as pessoas buscam prazer (não apenas o prazer sexual, mas também a satisfação pessoal) e como interagem com outros em busca de amor, conexão e intimidade, molda a essência da sexualidade humana.
A sexualidade revela como você atrai e é atraído por outras pessoas, influenciando seus pensamentos, emoções e, acima de tudo, suas ações.
Com o passar do tempo, sua sexualidade se desenvolve e pode até mudar com base nas experiências e no amadurecimento que você vivencia. Como resultado, ela está inextricavelmente ligada à sua orientação sexual.
A orientação sexual não é uma escolha feita ao longo da vida, mas sim uma característica natural do ser humano.
Para exemplificar, vamos apresentar algumas categorias que descrevem a orientação sexual das pessoas.
Heterossexualidade:
Quando você sente atração sexual, emocional e afetiva por indivíduos do sexo oposto ao seu.
Homossexualidade:
Quando você sente atração sexual, emocional e afetiva por indivíduos do mesmo sexo, como é o caso de gays e lésbicas, por exemplo.
Assexualidade:
Quando você não sente atração sexual por nenhum gênero. Surpreendentemente, uma pessoa assexual pode manter um relacionamento amoroso.
Pansexualidade:
Quando você sente atração sexual, emocional e afetiva por pessoas independentemente de sua identidade de gênero, englobando indivíduos não-binários, transexuais, cisgêneros, entre outros.
Bissexualidade:
Quando você sente atração sexual, emocional e afetiva por indivíduos de ambos os gêneros, feminino e masculino.
Evidencia-se que existe uma diversidade de formas de atração emocional, romântica e sexual. Nada é fixo ou imutável quando se trata do corpo humano e das inúmeras sensações e emoções que ele pode evocar. Investir na jornada de autoconhecimento e abraçar sua própria identidade é essencial.
E, parafraseando Lulu Santos: “Considerem válida toda forma de amor”.
Celebrando a Diversidade:
Nutrindo a Essência Individual A concepção de “masculino” e “feminino” é, em grande parte, uma construção social.
Já se perguntou o que realmente determina a identidade de alguém como homem ou mulher?
Ou talvez tenha se questionado sobre as emoções e desejos que emergem ao se sentir atraído por outra pessoa?
São indagações como essas que impulsionam os movimentos sociais a promoverem a visibilidade e aceitação das variadas identidades e expressões humanas, ao mesmo tempo em que batalham pela igualdade entre os gêneros.
Certamente você já cruzou com a sigla LGBTQIA+ em algum momento.
Essa sigla encapsula um movimento social e político que almeja celebrar a diversidade, conferindo representatividade às pessoas que não se encaixam nos padrões heteronormativos historicamente estabelecidos pela cultura e história da sociedade.
É vital salientar que a heteronormatividade é aquela que marginaliza, ignora ou persegue orientações sexuais distintas da heterossexualidade por meio de normas sociais, crenças e políticas.
Cada letra na sigla possui significado:
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Assexuais, bem como outras identidades de gênero e orientações sexuais.
Aos olhos de alguns, essa sigla pode parecer ser apenas um conjunto de letras. Porém, ela representa um vasto grupo de indivíduos que cotidianamente enfrentam diferentes tipos de preconceito e violência por não se conformarem àquilo que a sociedade define como “normal”.
Milhares de pessoas, que durante anos ocultaram e reprimiram seus sentimentos afetivos e sexuais devido ao receio da reação de suas famílias e amigos, agora encontram representatividade e aceitação através desse movimento.
Por essa razão, é imperativo entender o significado da sexualidade e do gênero, nutrindo um dos sentimentos mais nobres que um ser humano pode experimentar: o amor. E não apenas o amor pelos outros, mas, sobretudo, o amor-próprio.
Abraçar sua sexualidade e expressar sua verdadeira essência é a chave. E lembre-se das palavras de Lulu Santos: “Considerem válida toda forma de amor”.