As prostitutas brasileiras mais famosas da história

Depois do especial sobre as meretrizes internacionais, claro que falaríamos sobre as prostitutas brasileiras que marcaram a história. As nossas grandes mulheres!

Faremos uma viagem na história contando desde o século 19, destacando a valentia e empoderamento, independente da época que viveram.

Dona Beja (1800-1873)

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Foto: Pintura exposta no Museu Dona Beija em Araxá.

A mineira Anna Jacinta de São José era uma mulher que sua beleza fascinava desde muito jovem. Essa extraordinária beleza resultou no apelido Beija, pela semelhança e fascínio que proporcionava com um beija-flor.

Era apaixonada por um agricultor, mas praticamente foi obrigada a se prostituir após um rapto pelo ouvidor do Rei, em 1815, virando sua amante durante dois anos.

Contam que junto a um amigo, boticário naquela época, formulavam poções que chamavam de “remédio do sim ou não”.

Quando ela não queria dormir com determinado homem, mas sua riqueza a interessava, dava-lhe um trago de “não” para que o mesmo broxasse virando um tema proibido, pela vergonha que causaria ao confessar o ocorrido.

Ela recebia pela noite normalmente, e  a poção do sim, como podem imaginar, era para potencializar o prazer!

Beija voltou para Araxá depois de dois anos, quando o ouvidor regressou à Portugal. A sociedade conservadora a recriminava, não a vitimizava.

Sendo assim, por raiva, decidiu se vingar, prostituindo-se para os maridos daquelas que a marginalizavam. Também por vingança ao amado, que havia casado com outra.

Tinha sua fortuna acumulada e abriu um bordel chique, a Chácara Jatobá. Nela, havia uma fonte supostamente milagrosa para a beleza, a “Fonte da Jumenta”. Nesta fonte Antonio, seu ex amor, se rendeu aos seus encantos numa noite de embriaguez e ela ficou grávida de uma menina.

Muitas histórias relacionam o amor e ódio entre os dois. Ela ordenou que fosse morto em vingança à sua família que sempre foi contra o romance entre eles. Foi julgada e acabou em liberdade com a ajuda dos seus amigos fiéis.

Depois disso, foi embora de Araxá com sua filha. Morou numa casagrande e se apropiou de uma mina, chegando a ganhar muito dinheiro com os diamantes encontrados.

Viveu uma vida virtuosa e discreta, até morrer de tuberculose devido à uma intoxicação dos minerais, em 1873.

Sua história foi contada na novela “Beija-Flor”, protagonizada por Maitê Proença, em 1986 na extinta Rede Manchete.

Eny Cezarino (1916-1997)

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Eny Cezarino, a histórica cafetina. Foto: Reprodução Editora Planeta/divulgação.

De família de classe média, de origem italiana, Eny Cezarino fugiu de São Paulo porque queriam que se casasse com um militar.

Foi se prostituir  no Rio de Janeiro, depois Porto Alegre até ser a famosa cafetina, dona do bordel chiquérrimo na cidade de Bauru, interior de São Paulo, nos anos 50 e 60.

Nele, políticos, artistas, empresários e fazendeiros frequentavam os 5 mil metros quadrados de área construída. Jardins, alamedas, sauna, restaurante, 40 dormitórios, pista de dança em  formato de violão,  e suítes com móveis estilo Luís XV.

Suas quase 30 meninas (prostitutas brasileiras) eram selecionadas em concursos de beleza e orientadas a seguir o estilo de Elizabeth Taylor e Sophia Loren, divas da época.

Famosos como Vinícius de Moraes e até um presidente da República visitou a Casa da Eny, fazendo com que o bordel fosse conhecido pelo Brasil inteiro.

Eny foi amada e odiada na cidade. Ajudava em obras sociais e era cabo eleitoral, fazendo com que muitos políticos buscassem seu apoio.

O luxo e riqueza não impediram que a história de Eny Cezarino tivesse um final melancólico.

Vítima de golpes de seu contador, foi obrigada a fechar o estabelecimento e se desfazer do imóvel, no começo dos anos 80.

Pobre e doente, faleceu vítima de problemas cardíacos, em 1997.

O local do casarão, hoje em ruínas, é conhecido como o “trevo da Eny”.

Hilda Furacão (1930-2014)

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Hilda Furacão e o marido Paulo Valentim. Foto: Uai.com.br

A pernambucana Hilda Maia Valentim, era mais conhecida pelo apelido “Furacão”, devido ao temperamento difícil. Era encrenqueira, provocando brigas entre colegas e até clientes.

Ainda criança se mudou para a capital mineira, Belo Horizonte. Sua beleza chamou muito a atenção durante sua juventude e se destacava nos bailes do Minas Tênis Clube.

O que chocou de verdade foi trocar uma vida confortável pela vida boêmia na zona de prostituição da Rua Guaicurus, no Centro da cidade.

Ela foi a rainha da zona boêmia deixando os homens loucos, entre eles, até um frei dominicano.

Inspirou o romance “Hilda Furacão” (1991), de Roberto Drummond, que guiou a minissérie global com Ana Paula Arósio no papel principal exibida em 1998.

Hilda se casou com o craque do Atlético e ídolo do Boca Juniors, Paulo Valentim, com quem foi morar em Buenos Aires.

Teve uma vida de luxo na Argentina, onde nasceu o filho Ulisses. Paulo fracassou na carreira e a bebida arruinou sua carreria. Morreu em 1984 e Hilda ficou dependente do filho.

Em 2013 perde seu filho e acaba desamparada. Foi acolhida pelo governo portenho, indo viver num asilo onde morreu por causas naturais aos 84 anos.

Sem dúvida, uma das prostitutas brasileiras que ficou mais famosa devido à teledramaturgia.

Gabriela Leite (1951-2013)

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A ativista Gabriela Leite. Foto: globo.com

A estudante de Ciências Sociais da USP decidiu ser prostituta nos anos 70, durante a ditadura militar. Em 1979, Gabriela organizou a primeira passeata de prostitutas do país, na Praça da Sé, no centro de São Paulo.

Frequentadora do reduto paulistano boêmio foi movida pela curiosidade e desejo de fazer sua própria revolução. Se prostituiu também em Belo Horizonte e até na legendária Vila Mimosa, no Rio de Janeiro.

Sempre militante e defensora dos direitos das prostitutas e especialmente da legalização do ofício, fundou o movimento de prostitutas no Brasil. Em 1987 organizou o I Encontro Nacional de Prostitutas.

Em 1992 fundou a ONG Davida. Nos anos 2000 fundou a grife Daspu, ironizando a antiga butique Daslu.

Também lançou seu livro  “Filha, mãe, avó e puta – A história de uma mulher que decidiu ser prostituta”, em 2009.

Sempre gostou da palavra puta. Usar a palavra era sua forma de combater preconceitos e cutucar conservadores.

Gabriela Leite morreu de câncer aos 62 anos, no Rio de Janeiro em 2013. Seu legado fica!

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